quinta-feira, abril 13, 2006

ORKUT

Cliquei "home" e olhei pras comunidades. Eu sempre penso no que as pessoas vão pensar(mesmo que eu ache isso estupidez, na maioria das vezes... acontece que já é automático) , e ao ler"Deve ser chato ser uma árvore" meus neurônios começaram a brincar de dar choque uns nos outros e pensei rápido demais. Ser uma árvore deve ser legal. Ponha-se no lugar de uma, bem antiga. Imagine Dom Pedro I, dando aquela mijadinha escondida, à uma árvore de distância. Seria no mínimo uma história pra contar aos brotos.
Ser uma árvore é complicado porque as árvores são passivas. Bicho mora, come, belisca, dorme, caga, mija, arranha, bica... Fora as larvas nojentas que ficam zanzando por dentro delas.
Árvore não pode ter depressão pós-parto. Imagine: lá está um belo exemplar... flores coloridas, folhas verdinhas, reinando imponente. Agora dá frutos carnudos,suculentos... prazerosos de morder... e depois ressecam-se as folhas e o vento leva embora. Árvore nua! Exposta(de uma maneira que, com certeza, ela não estaria se pudesse escolher...)! Vixe... imagina se ficasse depressiva? Sem essa de cortar pulsos! Elas seriam mais agressivas: ia na machadada!
Cara, as árvores são como uma fênix com raízes! Passa o tempo e toda sua magestade simplesmente volta...! É dureza, rapaz. É dureza...


(...)

vou poupar vocês do besteirol do resto. hahaha. não que eu já tenha escrito ou predefinido, só não vou pensar em mais nada pra continuar com o texto... deixo ele assim.

AFINAL, VOCÊ SERIA UMA ÁRVORE?

[pffffffffff...hahahhahahahahhahaha!]

segunda-feira, abril 10, 2006

Ida ao Circo



Para uma ida ao meu circo, você tem que esperar cair bilhete do céu. Acontecido o milagre, acomode-se e assista os animais começarem a entender que há algo de errado, e que esse "algo" é muito errado para ser aceito. Viram feras oprimidas e embasbacadas com o rumo que seus pensares e conclusões tomaram. Adormecem as feras, agora latentes.
Vem o palhaço, único em todo o circo, e chora. Ele é sozinho e chora. Só vai até o centro do picadeiro se a luz estiver baixa... tudo quieto... ele é amigo das feras desde sempre e por isso já as compreende como se falassem a mesma língua. Chora o palhaço querido.
Entram as bailarinas, que têm rosto frio e maquiagem cinza. Dançam em desacordo com a música que não toca. Elas nunca olham no olho.
Antes delas saírem, volta o palhaço. Não vá achar que é combinado. O palhaço querido sempre interfere nas apresentações. Aparece mais que qualquer um no espetáculo.
Saem todos. Vem o mágico sem rosto. Sabe tudo o que tem a fazer mesmo sem enxergar (não tem rosto, não tem olhos...). Faz a mágica e tudo serena. Viva a mágica(!). Sai o mágico, vem o palhaço. As feras já se recolheram... os trapezistas foram demitidos( por prenderem toda atenção das pessoas, impedindo-as de olhar ao redor...) ... os passos silenciaram-se. Tudo acalmou, exceto a angústia do palhaço. O circo pega fogo e a cidade dorme... (imersa em fumaça escura)

sigur ros - hoppípolla

*e eu queria dizer uma coisa:
INVÍCTOS NA SINUCA!!!!! hehehehe ;D

quarta-feira, abril 05, 2006

O QUE EU QUERO?

[Pra ler ouvindo The Mariner's Revenge Song - The Decemberists]

Eu quero encarnar um Capitão de navio baforando rum e esmagando coisas com as mãos! Eu quero, mas só serve se for agora! Apertar os dentes tão forte de fazer os olhos girarem nervosos e intensos! Pisar com botas pesadas compradas no porto e usar esporas em alto-mar! Quero a excentricidade pavorosa! A maquiagem francesa iluminista naqueles rostos que se animavam nos cafés-revolução. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHH! Me traz um 2 quilos de pandemônio que eu quero pôr no macarrão.
Diga que se não houver música, é melhor tratarem de arranjar. Se não houver mulheres, que tragam as mães. Se a bebida acabar, acabou-se tudo. E, se eu me acabar, se acabem também, pois quando eu me refizer não haverá espaço!
Eu quero ser o Capitão! Apoiar a bota na prancha, última solidez debaixo dos pés de alguns marujos sem sorte, e cheirar fedor de mar. Tanto sal que chega a cortar! E quem liga pra pêlos de nariz? Claro que eu tenho um papagaio! Boca suja e fanfarrão. Joga poker, joga truco e sueca. Rouba fichas, notas, escrituras e roupas de baixo. Ah! E lenços! Rouba tudo. Rouba a sorte.
Quero que a lua cheia me transforme. Quero as mutações do Wolverine pra eu retalhar tudo, desde das minhas últimas costelas até a pélvis. Pela manhã estarei regenerado. Capitão altivo andando pelo convés e reparando no mofo das velas molhadas de mar. Aquele cheiro pesado.
Preciso de um porto. Preciso de um porto. Quero comércio. Quero matar o vendedor que vier se fazer de esperto. Quero pôr as tendas abaixo! Eu incendeio o cais! Fujam pra água, ratos!
Certas coisas dão azar se carregadas numa viagem de navio. Nunca as leve! Mate quem quiser levar.
Certas horas é como se tripulação alguma estivesse a bordo. Capitão, barco, lua e água...
Noutras, o ar se torna incomodamente perceptível.


Um brinde! Ao descaso do acaso.

*fecham-se as cortinas*

sábado, abril 01, 2006

A PRISÃO


O homem vive cercado de cômodos ocupados por pessoas estranhas. Seu núcleo vacila cômodo a cômodo, embora deseje encontrar seu próprio leito. Sua prisão, construiu num árduo exercício de vaidade. O homem trabalha. O homem malha. O homem faz falso juízo de sua real capacidade. Cultiva uma paixão calada ao que lhe parece belo; ao que lhe destrata, contradiz e mata. Amando ao avesso, o homem não vê as chaves para abrir o cômodo de sua liberdade. Amando ao avesso o homem não encontra sua face fora de seu espelho.

Certo dia, o homem acorda atordoado. A seu lado, uma mulher nua já quase enrugava de tanto esperar e nada. Não é do seu feitio dormir cedo. Não é do seu feitio dormir ao lado de uma estranha que nada tem a lhe dizer senão bom dia. Não é isso o que deseja ouvir.

Então ele se levanta, lento e monótono, não lhe dedica a menor atenção, nem lhe dirige o olhar. Sua mão gira mecanicamente a maçaneta do quarto, de onde o homem sai na esperança de que a figura estranha desapareça, indesejada também saia, e sem muito alarde.

A mulher o ama. Ela o deseja e isso o incomoda profundamente, gera repulsa, desagrado, quase nojo. No outro cômodo outra mulher geme por si. Seu prazer nem sabe da existência do homem, mas ele, amando ao avesso, fixa sua escuta nesse gemido. Ele, amando doente o que não lhe é caro, o que não lhe carece, o que é carente de ser, fixa seu desejo no gemido impertinente, mas não goza de seu amor.

A amante não se manifesta, não se levanta, nem se move. Está lá por uma eternidade, e lá ficará se preciso – cumpre sua função no cárcere da vaidade. A amada não lhe presta serviço de amor. Não lhe deseja, não lhe conhece. Nada. O prisioneiro tenta outra porta. É uma orgia da qual não participa, não se furta a olhar. Recebe dos festivas o convite, não se move. Seus pés pesados parecem criar raízes, seu desejo não lhe dá a voz. A porta se fecha. Ele permanece imóvel, não imune – o homem. Sua vaidade ainda o trai.

(Rita Maria)


existe algo mais certo do que esse texto?

a vaidade é uma vaca que mal regurgita.
e nenhuma reflexão é(de todo) besta.

♫ruído. chuva. bocejo♫